expr:class='"loading" + data:blog.mobileClass'>

terça-feira, 22 de junho de 2010

Para presidente da Codesa, Brasil precisa de integração, coordenação e gestão

* Texto da Comunicação Social da Codesa

O presidente da Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), Angelo José de Carvalho Baptista, integrou a comitiva brasileira que visitou a Alemanha no final de maio e início de junho. Durante dez dias, a delegação – chefiada pelo ministro da Secretaria de Portos (SEP), Pedro Brito – visitou portos fluviais, terminais e empresas de logística multimodal, além de conhecer uma instituição de pesquisa do setor aquaviário e de participar do VIII Encontro Econômico Brasil-Alemanha, na cidade de Munique.


Para o economista carioca Angelo Baptista, 46 anos, a viagem à Alemanha reforçou a ideia de que o Brasil precisa trabalhar a sua atividade portuária sobre três pilares: integração, coordenação e gestão. Além disso, o presidente da Codesa acredita que a criação de um Ministério de Logística pode desobstruir os gargalos de infraestrutura logística do País.

O diferencial entre o modelo portuário alemão e o brasileiro é grande?

Ângelo Baptista – O modelo brasileiro tem a mesma característica conceitual dos portos europeus. Nesse modelo, o Estado é o proprietário do porto, é quem regula o setor. Já a área privada é responsável pelas operações portuárias. A diferença é que na Europa, eles (países) já avançaram muito. São mais desenvolvidos nessa atividade, têm investimentos maduros, portos de grande capacidade que movimentam uma enorme quantidade de carga, além de uma hinterlândia desenvolvida que é a própria Europa. São portos que competem entre si e que disputam o rico mercado europeu.

Mas, conceitualmente, é possível ‘importar’ ações pragmáticas?

Angelo Baptista – Três palavras chaves resumem nossa visita à Alemanha, e que são o nosso grande ensinamento: integração, coordenação e gestão. Falando em integração, observamos como os europeus operam de uma maneira integrada os modais ferroviário, rodoviário, hidroviário e marítimo. Esta é uma necessidade nossa. Deveríamos estar fazendo a mesma coisa, e não parece ser tão difícil assim... Agora, mais simples até do que a integração é a segunda palavra chave: a coordenação. Por exemplo, a hidrovia do Rio Reno chega aos portos da Alemanha, Holanda e Bélgica passando por quatro países. Há uma única coordenação, centralizada na Alemanha, que faz a engrenagem funcionar e não haja dificuldade de ação entre os países.

Aqui no Brasil, não conseguimos fazer isso dentro de um município, dentro de um Estado e, às vezes, entre os entes federados. Não estou falando especialmente do Espírito Santo, mas de uma maneira geral. Lá (Europa), eles conseguem sucesso coordenando os esforços de quatro países. Isso é uma grande lição. Mas não é uma coisa difícil. Não envolve nenhuma tecnologia que a gente não tenha, não envolve nenhum grande investimento. Envolve simplesmente o bom senso, ou seja, a coordenação dos agentes políticos e executivos envolvidos no processo. Por último, mas não menos importante, temos a gestão. Lá existe uma preocupação clara com resultados.

As instituições que visitamos eram todas públicas. Há uma ferrovia em que o governo alemão é o acionista majoritário. A hidrovia é administrada pelo Estado; os terminais portuários da mesma maneira. Mas há, claramente, uma visão de orientação para resultados. É a busca da gestão eficiente, não importando se é privado ou se é público. Esses três pontos chaves são o grande aprendizado que tiramos dessa visita à Alemanha.

E não existe nada que não possamos fazer aqui. A diferença entre o Brasil e um país como a Alemanha é o estágio de desenvolvimento muito avançado que eles alcançaram, a disponibilidade de recursos e o custo do capital baixo que eles têm lá. Bem diferente da história de investimentos no Brasil, que é o oposto do alemão: dificuldade de obtenção de recursos, baixa poupança e custo do capital elevado, o que atrapalha o nosso avanço em infraestrutura. Mas isso está mudando.

Clique aqui para ler a entrevista na íntegra

Como está a qualificação do portuário?

Os equipamentos são cada vez mais modernos e sofisticados. Sinal dos tempos. Os portos não voltam mais atrás. Isso é fato. A Lei de Modernização dos Portos, de 1993, veio para isso, para tirar o setor portuário do atraso estrutural e conjuntural em que estava.

Mas, ao mesmo tempo em que tudo se moderniza e se maquiniza, os portos sofrem com a redução de postos de trabalho e com o reorganização do sistema de trabalho. Quem fica no meio do caminho é o trabalhador avulso, hoje o trabalhador portuário avulso (TPA).

A Lei 8.630 não esqueceu desse trabalhador. Estava, ou melhor, está na lei que o trabalhador receberá cursos de qualificação, com a criação até de centros de treinamentos, para não ser “engolido” pelas novas tecnologias.

Por conta desse descompasso entre lei e prática, alguns preconizam a extinção do TPA. Se vai deixar de existir ou não, não sabemos, o fato é que o trabalhador portuário avulso está esquecido no meio de toda a modernização dos portos.

Fonte: PortoGente- Dia-a-Dia Blog