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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Portos cearenses têm desafio de vencer gargalos estruturais

No Pecém, já foram movimentadas, até outubro deste ano, 2,7 milhões de toneladas e, por lá, espera-se atingir, ainda em novembro, o total de três milhões de toneladas TUNO VIEIRA

Terminais do Estado comemoram alta na movimentação, mas cenário poderia ser melhor sem as barreiras

O crescimento da economia brasileira tem animado o setor portuário nos últimos anos. Entram na comemoração também os portos cearenses que anunciam ter superado até agora as expectativas de volume de carga movimentada no ano. No Pecém, já foram movimentadas, até outubro, 2,7 milhões de toneladas e, por lá, espera-se atingir, ainda em novembro, o total de três milhões de toneladas. No mesmo caminho segue o Porto do Mucuripe, que já movimentou 3,4 milhões de toneladas de carga. Contudo, o cenário poderia ser ainda melhor não fossem as barreiras estruturais que os portos ainda enfrentam.

A área do pátio do Mucuripe está "estrangulada", segundo o presidente da Companhia Docas do Ceará, Paulo André Holanda. Ele explica que 40% do espaço está tomado por aerogeradores, carga que impede o trânsito de outras mercadorias e, portanto, gera prejuízo. "Estamos deixando de receber outras cargas por isso. Muitos estão parados por embargos junto à Semace, outros por problemas com a Receita. Uma solução é o desembaraço antecipado, mas ainda não funciona como deveria", lamenta.

Novo terminal

Uma solução momentânea em vista será a construção do novo terminal de passageiros, que agregará uma área de 40 mil metros quadrados - entre a estação de passageiros, retroarea e um cais - e deve ficar pronto em dez 2013. Somente o novo cais, com 350 metros de comprimento e 14 metros de profundidade, permitirá que um navio grande porte, ou dois médios ou pequenos, atraque também no Mucuripe. "É um alívio, mas ainda não resolve o problema, porque esperamos que a economia continue aquecida e que, por isso, os portos também", avalia.

Pátio lotado

O gargalo no Pecém é parecido, mas não chega a ser exatamente o mesmo. O pátio de lá está lotado, mas o problema é a grande quantidade de contêineres vazios, ou seja, não há espaço, porque há falhas na logística de importações e exportações. O gerente operacional do Porto do Pecém, José Alcântara, detalha que, atualmente, a maior parte da carga que sai por lá é de frutas, mercadoria que exige container refrigerado. Contudo, não há muito volume de importação do mesmo segmento, o que significa que esses tipos de contêineres chegam vazios aqui.

"De janeiro a outubro deste ano, 42% de todas as frutas que saíram do País foram via Pecém. Assim dá pra imaginar a quantidade de contêineres vazios que chegam pra ficarem parados aqui: cerca de 9 mil só neste ano", afirma Alcântara. E, se nada for feito, o entrave tende a aumentar. Só do ano passado para hoje, a exportação dessa mercadoria cresceu 16% no Porto do Pecém.

"O ideal seria ocupar de qualquer forma esses contêineres que vão e vem, ainda que com cargas de baixo valor agregado", diagnostica.

Seminário aborda temas

Os gestores dos portos devem discutir essas e outras questões a partir do próximo dia 22, durante o VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística do Norte e Nordeste, que acontecerá no hotel Gran Marquise, até o dia 25 deste mês. O objetivo de mobilizar a cadeia produtiva para questões como Porto sem Papel, Inteligência Portuária e Modernização dos Portos Brasileiros para Copa de 2014.

Segundo a Secretaria dos Portos da Presidência da República, apesar da crise mundial afetar o comércio exterior de vários países, o Brasil experimenta um crescimento de 11,07% no volume total de carga movimentada, somente no período de janeiro a setembro de 2011, em comparação a todo o ano de 2010. Esse volume representa 683,2 milhões de toneladas e revela que o País já vinha numa recuperação forte da crise anterior, de 2008/2009, quando a movimentação de carga nos portos brasileiros caiu 4,61% entre os dois anos. Em relação aos esforços da Secretaria, tanto a direção do Porto do Pecém, quanto a do Mucuripe, são enfáticas em afirmar que isso se deve pela "autonomia" em relação ao Ministério dos Transportes.

"Os portos do País, nos últimos 20, 25 anos ficaram sem nenhum investimento. Agora, tem um lobby de alguns deputados querendo que a Secretaria dos Portos volte à esse patamar. Isso pode ser um retrocesso para o setor, que só está crescendo. Até março de 2012, cerca de 15 portos estarão com a dragagem completa, pelo Plano Nacional de Dragagem", defende Paulo André Holanda.


Mais informações

O VI Seminário SEP de Logística e a III Feira de Tendências de Logística acontecem de 22 a 25 deste mês, no Gran Marquise, em Fortaleza

Fonte:Diário do Nordeste
ANA CAROLINA QUINTELA
REPÓRTER