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quarta-feira, 30 de março de 2011

José Alencar: O homem que não desistiu


Texto publicado em 30 de Março de 2011 - 05h56

São Paulo e Brasília - A luta de 13 anos contra o câncer terminou ontem para o ex-vice-presidente José Alencar. Aos 79 anos, ele morreu por falência múltipla de órgãos em São Paulo. Alencar será velado hoje no Palácio do Planalto e receberá honras de chefe de Estado, o que não ocorre desde o falecimento do ex-presidente Tancredo Neves, em 1985. O governos federal decretou luto oficial de sete dias. A presidente Dilma Rousseff, em visita a Portugal, antecipou o retorno ao Brasil. O corpo do ex-vice-presidente chegará à Base Aérea em Brasília às 9h15 e será saudado com honras militares. Estarão presentes o presidente em exercício, Michel Temer, além dos titulares do Senado, José Sarney (PMDB); da Câmara, Marco Maia (PT); e do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso. Depois, ele seguirá em cortejo até o Palácio do Planalto em carro aberto do Corpo de Bombeiros e escoltado pelas Forças Armadas. A comitiva passa pelo Eixão Sul, que será fechado ao trânsito durante a passagem do cortejo, e pela Esplanada dos Ministérios.

A chegada no Palácio do Planalto está prevista para as 10h e a visitação pública deverá ter início às 10h30. Militares carregarão o caixão pela rampa do Planalto, enquanto as Forças Armadas fazem salva de tiros como homenagem. Dragões da Independência acompanharão a subida da rampa. Antes da abertura à visitação pública, ministros, ex-ministros do governo Lula e lideranças regionais receberão o corpo, juntamente com a família de Alencar.

A presidente Dilma, acompanhada do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, chega a Brasília no início da noite de hoje. A honra de chefe de Estado foi garantida graças aos 489 dias em que Alencar assumiu a Presidência da República no lugar de Lula. O salão do Palácio do Planalto foi organizado durante a noite de ontem por militares. A família, as autoridades e a imprensa terão local reservado. Os cidadãos que quiserem visitar também subirão a rampa do Planalto e passarão por detectores de metal.

As pessoas passarão pelocaixão, isolado por cordas, em fila única, a uma distância de cerca de um metro e não poderão parar. O cerimonial pretende encerrar a visitação por volta das 23h. O horário pode ser estendido se houver fila muito grande. Uma cerimônia religiosa está prevista, mas será fechada à família e às autoridades. Caberá aos parentes indicar o religioso que comandará o ato. Todas as informações são da assessoria de imprensa da Presidência da República.

O corpo de José Alencar segue para Belo Horizonte amanhã pela manhã. Na capital mineira, será velado no Palácio da Liberdade. A presidente Dilma Rousseff acompanhará o velório. O desejo de Alencar era ser cremado, mas a família não havia decidido, até o início da noite de ontem, entre a cremação e o sepultamento.

Oclusão

José Alencar morreu às 14h41 no Hospital Sírio-Libanês, ao lado de familiares, depois de dar entrada no dia anterior com um quadro de oclusão intestinal. Desde 1997, quando descobriu o primeiro foco do câncer, o ex-vice-presidente e ex-senador da República passou 117 dias internado. Foram 17 cirurgias.

Sempre esperançosos, os médicos mudaram o tom nas primeiras horas de ontem ao dizer que o quadro era irreversível. Fragilizado pela idade avançada e pelo excesso de intervenções, Alencar não resistiria a mais uma operação para tentar conter o sangramento no intestino. Como o tratamento contra o câncer não surtia mais efeitos, a medicação pesada já havia sido suspensa desde o ano passado e o tumor agressivo ganhou força e volume.

Na noite de segunda-feira, os médicos avisaram aos familiares que ele precisaria ser sedado para suportar as dores. O único rim do paciente (ele retirou o outro em uma cirurgia por causa do câncer) parou de funcionar por volta das 10h. Durante todo o tratamento, Alencar chamou a atenção do país ao tratar o assunto com bom humor, transparência e demonstrando força de vontade que surpreendia até a equipe médica. Ele costumava entrar no hospital dizendo que só iria morrer quando ´Deus quisesse`.

Disciplinado, Alencar era também curiosoe gostava de ser informado sobre a função de cada injeção ou pílula que tomava. Exigia que os médicos fossem 100% transparentes quanto às perspectivas de cada fase do tratamento e continuou demonstrando otimismo até quando foi desenganado.

José Alencar chegou a se submeter até a um tratamento experimental nos Estados Unidos, mas teve de suspendê-lo por não surtir o efeito desejado. Aos médicos, o político dizia que não temia morrer.

Fonte: Diário de Pernambuco

Foto:arymoura.wordpress.com

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