Maioria das paralisações ocorreu no setor público, que também faz os movimentos de maior duração
O número de greves no Brasil em 2011 chegou a
554, crescimento de 24% sobre o ano anterior (446), segundo levantamento
divulgado nesta quinta-feira (29) pelo Dieese. Foi o maior número desde 1997
(631). “Esses resultados confirmam a tendência de aumento do número de greves
verificada a partir de 2002 – ano que estabeleceu, com os 98 movimentos
registrados, a marca mais baixa da primeira década dos anos 2000”, afirmou o
instituto. O número de trabalhadores envolvidos atingiu aproximadamente 1,6
milhão em 2010 e 2 milhões em 2011.
Tomando 1997 e 2011 como referências, o Dieese
afirma que esses dois períodos “delimitam um intervalo de 15 anos marcado pela
relativa estabilidade do número de greves em baixo patamar”. É um dado que
contrasta com o período que vai de meados da década de 1980 até meados da
década seguinte, caracterizando por “considerável freqüência” de paralisações.
Em 1989, por exemplo, o número chegou a 1.962. Mesmo alertando para a
necessidade de relatizar a influência da conjuntura econômica como motivador
para as greves, o Dieese lembra que aumento do número de paralisações coincidiu
com uma redução da taxa de crescimento da economia: de 7,5%, em 2010, para 2,7%
no ano passado.
Em 2011, a maioria das greves (58,7%)
ocorreu no setor público – ante 60,3% no ano anterior. Foram 325 paralisações,
sendo 145 (26,2%) no funcionalismo estadual, 109 (19,7%) no municipal e 33%
(6%) no federal. As estatais tiveram 29 movimentos (5,2%). Das 227 greves no setor
privado, 41% do total (39,5% em 2010), 131 (23,6%) foram feitas na indústria e
91 (16,4%) no comércio. Um dos destaque de 2011, acrescenta o instituto, foram
as greves dos trabalhadores na construção civil, "especialmente nas
grandes obras de infraestrutura e na região Nordeste".
Segundo o Dieese, a maior parte das paralisações
durou no máximo cinco dias, tanto em 2010 (60%) como em 2011 (55%). Esses
números crescem no setor privado: 74% e 67%, respectivamente. Já as
paralisações no funcionalismo tendem a ser mais prolongadas. Em torno de 10%
dessas greves duraram mais de dois meses.
“A ausência de regulamentação da negociação
coletiva de trabalho no funcionalismo público é um fator importante para
explicar a discrepância entre a duração das greves nas esferas pública e
privada”, analisa o Dieese. “Dada a inexistência de data-base para a renovação
das normas que regem as condições de trabalho, a paralisação das atividades é,
muitas vezes, instrumento para pressionar pela abertura de negociações. E raramente
as negociações têm início imediato. É preciso mencionar, também, o fato de que
as negociações na esfera pública são bastante complexas, envolvendo vários
órgãos e instâncias de poder.”
O instituto classifica as paralisações em
propositivas (por ampliação de conquistas), defensivas (pela manutenção de
direitos ou descumprimento) e de protesto. No setor público, "o caráter
defensivo é acentuado e baseia-se, em grande medida, no crescimento das greves
pela manutenção de condições vigentes".
Entre as reivindicações, predominam as de
natureza econômica. No ano passado, 54,7% das greves tiveram reajuste salarial
como reivindicação, bem mais do que em 2010 (48%). Em seguida, vêm
auxílio-alimentação (27,3%), planos de cargos e salários ou de carreira (25,6%)
e condições de trabalho (22%). No setor público, o item reajuste salarial sobe
para 59,1% das paralisações e o plano de cargos, para 38,1%. Para o setor
privado, reajuste aparece em 48,5%, seguido de auxílio-alimentação (41,8%) e
participação nos lucros ou resultados (17,6%).
Mesmo alertando para a necessidade de relatizar a
influência da conjuntura econômica como motivador para as greves, o Dieese
lembra que aumento do número de paralisações coincidiu com uma redução da taxa
de crescimento da economia: de 7,5%, em 2010, para 2,7% no ano passado.
Fonte:
Vitor Nuzzi - Rede Brasil Atual
0 comentários:
Postar um comentário